Acabo de entrar na sala de embarque. Procuro o primeiro local para me sentar. Algum que me possibilite a olhar para a tela que fica no saguão para ter maiores informações sobre o meu voo. De acordo com as condições climáticas e o conhecimento do povo local, é quase
impossível o avião pousar nessa tarde.
Lá fora o vento alterna com garoas finas e quando me dou conta a pequena sala de embarque está repleta de pessoas: as que não estavam com os voos atrasados, estavam no aguardo da mesma resposta que eu tanto ansiava: Será que vou conseguir decolar?
Sem muita alternativa do que fazer, começo a olhar a minha volta e percebo a infinidade de
histórias no mesmo espaço físico. Gostaria de poder fazer uma roda e pedir para cada um
começar a contar a sua. Não sendo possível, me atento aos detalhes: Aos olhares emocionados de despedidas, o segurar na mão do outro com mais força, a cabeça encostada no ombro, o filho no colo, os olhares contemplando os vazios e tantos outros pequenos aspectos a qual desconhecemos o que está envolvido nesses gestos.
A despedida dói.
Desde um adeus até um até logo. Por mais que digamos aos quatro ventos
que estamos perto no coração, queremos o físico. Queremos o sentir, o toque, o olhar. Queremos o aconchego do abraço, o calor do corpo, o sorriso bobo. Se despedir é se despir. É nunca voltar inteiro, é por vezes deixar a si mesmo, só com o pretexto para poder voltar.
Quantas mães queriam poder segurar na mão de seus filhos e dizer: fique um pouco mais, não vá não. Quantos casais, gostariam de dizer: Eu deixo tudo e fico aqui, ou, deixe tudo e vamos embora juntos para casa. Quantas perguntas a dizer e que não são ditas pelo medo da resposta. Sem poder resolver esses casos, fecho os meus olhos e fico a pensar nas minhas histórias, nas pessoas que se foram, naquelas que ficaram. Nas pessoas que me esperaram, nas despedidas da família e de amigos e assim, não vendo o tempo passar sou desviada dos meus pensamentos com a mensagem de uma voz dizendo que meu embarque é imediato. Me levanto e começo a partir para a casa, para perto daqueles que amo, mas caminho pensando nas pessoas que estão voltando deixando aquelas que amam para trás.
Você já precisou deixar quem você ama para poder seguir?
Comentarios