Texto: Ju Ferraz
Fonte: Site Vogue
Eu, além de ser gorda, sou uma profissional do mercado de eventos, do live marketing e estou sempre ligada em tudo o que me cerca. Pois assim que fui moldada profissionalmente e é esse olhar para a frente, para o novo, para o que vai fazer a diferença na vida das pessoas é o que me move. Por isso, tenho percebido a força com que o mercado de moda plus size vem crescendo de forma constante no Brasil e no mundo. Só para ser ter uma ideia, no ano passado, o mercado de moda plus size cresceu 8% e movimentou mais de R$ 7 bilhões, dados da Associação Brasileira do Vestuário.
E a previsão para 2019, de acordo com outra entidade, desta vez uma mais específica, a Associação Brasil Plus Size (ABPS), é de que o segmento obtenha faturamento de 10% a mais em 2019. Sim, isso mesmo, o mercado não só se ampliou em relação às roupas de tamanhos maiores, como ele se organizou e criou a ABPS, que nasceu da união de profissionais vinculados ao setor e ao pensamento acadêmico das universidades, tendo como foco a integração e fomento de atividades científicas, mercadológicas e tecnológicas visando o crescimento e o respeito ao segmento no país. Não é o máximo?
Para se ter uma ideia desse mercado no mundo, nos EUA, a industria de roupas com tamanhos maiores tem a expectativa de movimentar até 2020 cerca de US$ 24 bilhões, de acordo com uma pesquisa do Coresight. Se a gente converter, isso dá quase R$100 bilhões. E por que estou falando de números? Porque se a gente não pode convencer o mercado de que é preciso cada vez mais investir na moda para homens e mulheres maiores, que não se encaixam no padrão 36-44, por empatia, quem sabe se a gente começar a esfregar na cara deles que é um mercado bilionário, os empresários começam a se movimentar mais nesse caminho no Brasil?
E mais do que isso: não adianta criar uma arara plus size em sua loja, com outras modelagens, outras estampas e outras cores diferentes da coleção principal. Mulheres gordas não são um tipo diferente de mulher. São mulheres que vestem números diferentes e, portanto, não queiram nos segregar também na hora de escolhermos nossos looks. A gente quer, na verdade, é que as peças das vitrines das lojas existam em todas as numerações, afinal, não é porque somos gordas que temos gostos diferentes da mulher magra. O mundo é o mesmo, os desejos são os mesmos e a vontade de ter o look do momento é o mesmo.
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